
Nos últimos anos, temos visto uma enxurrada de notícias e discursos afirmando que a inteligência artificial e a automação irão substituir a maioria dos empregos, e que, por isso, é essencial que as crianças aprendam a programar desde cedo. Essa narrativa tem impulsionado a popularização de cursos de programação e desenvolvimento de jogos para crianças, com a justificativa de que, sem esse conhecimento, elas ficarão sem trabalho no futuro. Mas será que essa previsão realmente se concretiza?
Se analisarmos a realidade, veremos que muitas dessas crianças que frequentam cursos de programação não se tornam programadoras nem adquirem um conhecimento sólido da área. Grande parte dessas iniciativas se baseia em ferramentas visuais que permitem “arrastar bloquinhos” para simular a lógica da programação. Embora isso possa ser um primeiro contato lúdico e interessante, dificilmente essa abordagem forma profissionais preparados para o futuro. O mercado de trabalho, por sua vez, continua funcionando de maneira relativamente normal, sem a drástica substituição de empregos prevista há décadas.
Estudos como o da Universidade de Brasília (UnB) em 2019 estimaram que milhões de empregos poderiam ser substituídos por máquinas, mas a realidade tem se mostrado diferente (UnB, 2019). Além disso, muitos cursos voltados para crianças buscam ensinar programação de forma acessível, mas acabam focando mais na introdução ao tema do que no aprendizado profundo e aplicado (Época Negócios, 2019). O Instituto McKinsey, em um relatório de 2017, também apontou que, embora a automação vá impactar algumas profissões, novas oportunidades surgirão, e a adaptação será mais importante do que o domínio de uma tecnologia específica (McKinsey, 2017).
É claro que entender tecnologia é essencial e pode ser um grande diferencial no mercado. No entanto, vender a ideia de que toda criança precisa aprender a programar para garantir seu futuro profissional é um exagero. As tecnologias evoluem rapidamente, e o que se aprende hoje pode estar obsoleto em poucos anos. O mais importante não é ensinar linguagens de programação específicas, mas sim desenvolver o pensamento crítico, a criatividade e a capacidade de resolver problemas de forma estruturada.
Nesse contexto, a RobotBox se destaca como uma abordagem inovadora e diferenciada. Em vez de depender exclusivamente de telas e programação visual simplificada, a RobotBox promove o ensino de robótica desplugada, focando no desenvolvimento cognitivo e criativo das crianças. Por meio de materiais físicos e desafios práticos, as crianças aprendem sobre mecânica, eletrônica e engenharia de maneira tangível e significativa, sem a ilusão de que apenas arrastar blocos de código será suficiente para garantir um futuro profissional promissor.
O conhecimento de tecnologia deve ser incentivado, mas sem ilusões. Não basta expor crianças a ferramentas superficiais e esperar que elas se tornem programadoras experientes no futuro. Em vez disso, é mais eficaz desenvolver uma base sólida em raciocínio lógico, ciências, engenharia e robótica de maneira prática e aplicada, estimulando o pensamento criativo e a compreensão dos princípios por trás da tecnologia.

A educação tecnológica precisa ir além de tendências de mercado e promessas vazias. Se queremos preparar as crianças para o futuro, devemos focar em proporcionar experiências reais, projetos práticos e desafios que realmente exijam esforço intelectual e inovação, e não apenas confiar que arrastar blocos na tela será suficiente para garantir um emprego daqui a 20 anos.
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